Sabendo que a esperança média de vida de um cidadão português ronda os 78 anos de idade, e que as nossa pirâmide etária concentra mais população acima dos 30 anos de idade do que abaixo dada a quebra continua da taxa de natalidade, não compensada pela imigração;
Considerando que todo os que viveram até os 10 anos durante o Estado Novo não tinham grande consciência da época em que viviam, teremos que todas as pessoas com menos de 50 anos, não viveram ou não foram decisivamente influenciadas pelos valores da época.
Assumindo estas duas condições simplistas podemos concluir com algum grau de razoabilidade que atualmente +2/3 da população viva, já não viveu ou não sofreu grande influencia dos valores do anterior regime.
Em 1974, cerca de 3/4 das pessoas não eram nascidas ou não tinham sido influenciadas de forma significativa pela situação vivida durante a primeira republica. Nesse tempo a nossa pirâmide etária era bem mais larga junto à base, do que é hoje, apesar da emigração dos anos 60.
É portanto provável/admissível que daqui a 10 anos, a parte da população que já não viveu sob a égide do Estado Novo se assemelhe muito a esses 3/4 de há quarenta anos.
Se pensarmos em termos de Democracia Representativa vs Democracia Participativa, facilmente perceberemos que atualmente entre 1/3 e metade da população ainda não está preparada para aceitar novas formas de Democracia, porque a única que conhecem é a que sempre tivemos.
Pensar que se pode constituir um Partido com um diferente grau de abertura à participação, integrando nomeadamente novas plataformas informáticas que o permitem, sem ter em consideração os aspetos demográficos acima descritos, entre outros, como a cultura democrática ou num nível mais pragmático as recentemente adquiridas e ainda frágeis competências ao nível informático, é esquecer que nem todos estarão preparados para o integrar, por conseguinte, há que aceitar que como em todas as mudanças haverão sempre os que terão de ir à frente.
Porem liderar, já não é comandar ou impor regras, liderar é ir olhando para trás alumiando o caminho de quem vem atrás, evitando que uns se percam e outros se afastem, ajudando outros a perceber onde nos leva o caminho. Sem esse cuidado constante, sem essa diligência inata, qualquer iniciativa neste âmbito acabará por soçobrar às ambições pessoais dos que o pensam liderar.
Promover participação é muito mais do estar disponível para ela, é estar disponível para os outros.
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