sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Projecto “Limpar Portugal”

Este projecto surge de uma iniciativa ocorrida na Estónia, entre 2007 e 2008, em que apartir de uma tomada de consciência ( diagnóstico ) efectuado por um politico do partido verde, que chegou á conclusão, que o lixo acumulado nas florestas Estónias era tanto que iria demorar entre 5 a 7 anos a limpar, e o estado teria que dispender mais de 200 milhões de Euros num plano de limpeza. Com as limitações financeiras inerentes este politico decidiu então desafiar os empresários estónios mais dinâmicos para um “brainstorming” sobre o problema. Logo nesse primeiro encontro, um dos empresário de maior sucesso na Estónia, lançou a ideia de fazer a limpeza num só dia com a colaboração do maior numero de pessoas possível. Perante tamanha loucura as primeiras reacções foram de incredulidade perante tão absurda proposta.


Depois de 7 decadas sob domínio imperial soviético, e após a queda do muro de Berlim e todo o sofrimento e mudança que isso trouxe aos povos que reconquistaram a independência, aos Estónios restava pouco mais do que o sonho. Exactamente o que nos falta hoje a nós portugueses.
Pegaram então nesse capital de sofrimento acumulado, e decidiram mostrar ao mundo que quando o Homem quer e sonha, a obra nasce.

E assim foi, depois de asseguradas as condições mínimas de sucesso, decidiram então marcar um dia para a recolha de todo o lixo.

3 de Maio de 2008



Até esse dia os Estónios criaram do zero com a ajuda de algumas marcas de telemóveis, aplicações que os ajudaram a mapear e geo-referenciar os locais onde se encontrava o lixo ( lixeiras ), desenvolvendo alguma tecnologia própria para o efeito e software de apoio para o registo centralizado das mesmas. Ao longo de 1 ano e meio os voluntários foram-se alistando e no dia “L”, estiveram presentes mais de 50,000 pessoas ( aprox 3,8% da população do país ), que nesse dia recolheram das florestas 10,000 Toneladas de lixo!



Em 2009, um grupo de praticantes de todo o terreno, originários do norte de Portugal, agarraram a ideia e começaram a tentar implementá-la no terreno. Em ano de eleições não foi fácil despertar os portugueses para um movimento exclusivamente voluntário, e ainda mais relacionado com LIXO.

Em finais de Julho, princípios de Agosto e depois de algumas reuniões preparatórias da Coordenação Nacional ( CN ), decidiram dividir esta em Coordenações Distritais de um só elemento, que por sua vez criariam grupos concelhios, e os tentariam dinamizar. Fruto da falta de experiência e de algum excesso de “carolice” e “Fé” estabeleceu-se o dia “L” para;



20 de Março de 2010

Após eleições, e depois de desmobilizados os elementos mais dinâmicos da nossa sociedade o movimento ganhou um novo ímpeto, tendo os GRUPOS CONCELHIOS, de base local, segundo o qual se organiza, começado a marcarem reuniões para que as pessoas se pudessem conhecer pessoalmente e assim começarem em conjunto a delinear estratégias de aproximação ao elevado volume de tarefas a completar até ao dia “L”.

Acontece porem que ao contrário do timing estónio o timing da iniciativa lusitana coincide e sobrepõe-se no tempo á eclosão da maior crise da história da humanidade ( as presentes são sempre as maiores porque as outras já passaram..) o que faz com que uma boa parte das pessoas que entretanto se voluntariaram andem hoje mais preocupadas em sobreviver, do que propriamente em dar o seu contributo PROACTIVO ao movimento.

É portanto contra ventos e tempestades que esta nau, está a atravessar o cabo das tormentas. Justiça seja feita á esmagadora maioria dos responsáveis autárquicos e das escolas do nosso país que estão a colaborar de uma forma extraordinária  com este movimento, permitindo e de certa forma garantindo que o dia “L” seja efectivamente um sucesso.

Ao longo dos últimos meses, e face á dinâmica do movimento têem perdurado dentro do mesmo várias “teses” ou “tendências”, em que algumas pessoas defendem que estando Portugal num nível de desenvolvimento ecológico diferente da Estónia - sem qualquer espécie de desprimôr ou desconsideração para os nossos amigos Estónios, sem, os quais este movimento provavelmente nunca teria nascido em Portugal - nomeadamente no que toca aos sistemas de separação, recolha, reciclagem e tratamento do LIXO, a ambição deste movimento teria de ir alem de um dia de limpeza.

Segundo estes ambiciosos “thinkers” lusitanos este movimento terá de ir “alem da dor e passar o Bojador”, das mentalidades tacanhas, dos comportamentos egocentrados, e contribuir de uma forma categórica, continua e premente para alem do seu próprio tempo de existência. Logo, todos voluntários que se inscreveram na rede social de apoio ao movimento em http://limparportugal.ning.com , não podem nem devem limitar-se a “ficar á espera” do dia “L” para mais tarde poderem dizer aos filhos e aos netos que tambem estiveram presentes no dia em que Portugal ficou mais limpo.

Esta mole humana de mais de 22,000 voluntários ( proporcionalmente á Estónia no dia “L” deveríamos ser 400,000 ) de onde destaco os Grupos dos concelhos de LISBOA, BRAGA & SINTRA/CASCAIS com mais de 500 voluntários cada um, e que pela dimensão deveriam ser um exemplo para os restantes grupos.

Acontece que as comunidades de base rural com grupos mais pequenos e modestos revelam uma dinâmica, uma vontade, uma capacidade de organização, uma eficiência no desempenho das tarefas e uma eficácia na divulgação e prossecução dos objectivos do movimento, que me levam a pensar que a virtude humana, capacidade de sacrifício em favor do bem comum, e o Altruísmo, estão “ausentes” das grande cidades do nosso país.

Ainda assim, e após o ano novo o PLP, entrou numa nova fase e num novo ritmo, estando neste momento a multiplicar contactos a uma velocidade exponencialmente crescente, que decorre não só dos normais efeitos da curva de experiência acumulada nos últimos meses, mas tambem duma cada vez maior divulgação do movimento nos media nacionais. Ainda assim mais de 90% das pessoas limitam-se a “estar disponíveis” o que na prática, é estar disposto a ajudar desde que isso não colida com o seu quotidiano. Bem sabemos que há muitas pessoas que por diversas razões só podem mesmo estar disponíveis naquele dia, mas até lá ninguém pode assegurar que todo o trabalho necessário de mapeamento de lixeiras, divulgação nas escolas, ou de divulgação de novas formas de reciclagem ou ponto de recolha de produtos recicláveis são suficientemente divulgados para que após o dia “L”, os portugueses tenham efectivamente conseguido alcançar um SALTO QUALITATIVO na sua relação com o LIXO que produzem.

Por agora fico por aqui , mas prometo divulgar neste blog algumas estatísticas sobre a QUANTIDADE DE LIXO que todos produzimos e os custos inerentes á RECOLHA, RECICLAGEM & TRATAMENTO do mesmo. São MILHÕES DE EUROS por ano que podiam ser redireccionados para outras necessidades.



Registo de Lixeiras: http://www.3rdblock.net/


Só há dois tipos de Lixo: O Biodegradável e o Biodesagradável!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Plano estratégico da Industria do Calçado 2007-2013



Nos últimos anos, o sector português de calçado protagoniza uma relativamente desconhecida história de grande sucesso. A revolução aconteceu quando a indústria se viu confrontada com a saída massiva das grandes empresas internacionais de calçado como resultado das profundas alterações do mercado mundial, nomeadamente a queda das últimas barreiras ao comércio e a afirmação de grandes países produtores como a China.

Ao contrário do que poderia ter acontecido, os produtores nacionais de calçado reagiram. Reequiparam tecnologicamente as suas empresas, orientaram-se para segmentos de mercado de maior valor acrescentado (Portugal apresenta uma forte especialização no segmento do calçado de couro e, dentro deste, no calçado para senhora, segmentos tendencialmente de maior valor acrescentado) e, em vez de aceitarem ser meros replicadores de modelos concebidos por quem os subcontratava, muitos deles criaram as suas próprias marcas.


Outros indicadores significativos: o valor bruto da produção por trabalhador ultrapassou pela primeira vez em 2008 os 37 mil euros; do total da produção, 96% são exportados; e também pela primeira vez no ano passado, o preço médio por par de calçado exportado atingiu a casa dos 20 euros, o que situa Portugal entre os exportadores que conseguem cobrar preços mais elevados a nível mundial. Além disso, o sector apresenta a mais alta taxa de cobertura das importações pelas exportações de toda a indústria nacional.

Como se chegou aqui? Pois, pasme-se, através do Plano Estratégico da Indústria do Calçado 2007/13, um documento que teve contributos da APICCAPS, do tecido empresarial e de agentes privados e públicos. Que foi levado à prática e resultou. Não é espantoso e exemplar que tal tenha sido possível?

in "EXPRESSO-ONLINE", Nicolau Santos,