terça-feira, 27 de abril de 2010

A Patranha Ocidental

Segundo as noticias mais recentes a Grécia está com graves problemas financeiros, derivados de um elevado défice das contas publicas e de uma divida ao exterior que ultrapassa os 100% do seu PIB. 

“Os mercados internacionais”, sigla usada para designar o conjunto de especuladores que nada produzem em termos de economia real, e que a única coisa que fazem é movimentar dinheiro de um lado para o outro, usam o “mood” do momento a seu bel-prazer para irem subindo “spreads” aqui e ali e com isso melhor remunerarem os seus “accionistas” ( sigla usada para designar aquele 1% da população que ninguém conhece mas que controla toda a economia mundial ), é nesta lógica perfeitamente predadora, que se movem também as “agencias de rating”, de origem exclusivamente Anglo-Sáxónica e que desempenham um papel de suporte aos especuladores mundiais, nomeadamente apontando qual será a próxima vitima. 


Acontece porem que por trás de todas estas siglas e movimentações financeiras existe uma guerra quase declarada entre o eixo Londres-Washington e a Zona Euro. Os primeiros ao deterem as principais armas mediáticas do seu lado conseguem ir condicionando e condenando a zona euro, ao papel de anão politico e financeiro, quando na realidade em termos reais é o contrário que se passa.  A descida do Euro, face ao dólar pode levar os mais incautos a pensar, que se trata de uma tendência, em vez de um mero movimento transitório, que precede o afundamento da Libra – já a seguir ás próximas eleições marcadas para Maio – seguido de um afundamento do dólar,  por manifesta incapacidade dos actuais e principais credores mundiais, continuarem a prover o sorvimento de fundos por parte dos EUA, que neste momento ultrapassa o bilião ( um milhão de milhões ) anual.
Nota- Um Bilião na Europa equivale a um Trilião na América e no mundo anglo-saxónico.

Até que estes dois ajustamentos reponham a verdade do mercado cambial iremos continuar a assistir a uma estratégia de guerra mediática concertada por parte dos principais players mundiais na área dos media para abafarem por completo a “opinião” da Zona Euro, ocupada que está como sabemos com a distribuição de “cargos & carreiras” entre a nomenclatura do eixo Bruxelas – Estrasburgo. 
É natural portanto que sendo Portugal uma pedrita na engrenagem da zona euro, muitos nos queiram fazer crer, que somos nós e a Grécia – que equivalemos a não mais do que 3%  do PIB da zona euro – que iremos colocar a existência do Euro em causa, enquanto o estado da Califórnia e outros tão grandes ou maiores como o próprio Reino Unido, já estão técnica, objectiva e realmente falidos. 

O que nos espera não é bom, o que nos espera nos próximos meses é austeridade, mas a um nível que irá relegar o actual PEC, para as relíquias das boas recordações. Aguardemos serenamente,  enquanto pudermos e se pudermos.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

No caminho de uma Democracia mais equilibrada e justa.

Segundo a Constituição da Republica Portuguesa de 1976, que consagra um sistema democrático construído sob as cinzas do Estado Novo, integra um espírito claramente socialista, embora já suavizado pelas sucessivas revisões, temos que qualquer cidadão português com 18 anos ou mais, tem direito a 1 voto, nas várias eleições democráticas.

Este direito, é independente da sua idade, sexo, raça, religião, etc.
Em relação ao Estado Novo, houve duas inovações substanciais. As mulheres passaram a poder votar, e a maioridade passou dos 21 para os 18.

Se a primeira alteração é unânime & consensual, já a segunda nunca o foi.
Quiz-se no entanto normalizar a maioridade pela de outros países da Europa e do Mundo.

Acontece que agora, ao fim de 36 anos de Democracia, começa-se a perceber que a manipulação mediática da opinião  pública produz efeitos perversos maioritariamente sobre as faixas etárias mais jovens, que votam em consonância com escalas de valores e idades que pouco ou nada têm a ver com a seriedade das consequências que o seu voto produz nas pessoas que ocupam os mais importantes cargos de administração da nação, e consequentemente na própria governação do país.

Feliz ou infelizmente  toda a gente vota a partir dos 18 anos, mas gente em cargos importantes de governação raramente lá chega antes dos 35. Ou seja , a lógica que é aplicada aos votantes, não é a mesma lógica de selecção natural dos votados. E aqui a idade conta, e não é pouco.

Assim sendo , facilmente se pode concluir que a capacidade de julgamento & decisão aos 18 anos não é necessariamente a mesma que existe aos 35.
No entanto qualquer cidadão com 35 anos tem o mesmo peso eleitoral que um de 18 anos.

Podemos então afirmar com razoável grau de razão, que este sistema trata de forma igual o que necessariamente não o é, resultando daqui uma distorção intransponível.(!?)

Obviamente é sempre muito mais fácil fazer diagnósticos que apontar caminhos, por isso o nosso país está pejado de bons diagnosticadores e carece de gente com capacidade decisão e autoridade pessoal qb para as implementar.

Arrisco portanto, afirmar que a partir dos 35 anos
( idade mínima para se poder ser eleito presidente da republica ) qualquer cidadão deveria dispor de 2 votos, não me arriscando a avançar com mais nenhum outro tipo de divisão menos evidente e fácil de suportar com argumentos suficientemente válidos.

Incorporando as ideias dos 3 primeiros comentários a este texto, complemento a mesma;
Proponho então um regresso á regra 1 homem, 1 voto aos 65 anos, e o retorno á  idade mínima para votar para os 21 anos.




quinta-feira, 1 de abril de 2010

Alea jacta est

Se no meio de toda esta crise económica e de valores em que vivemos eu tivesse que escolher um ou dois factos positivos, escolheria para a primeira a futura imposição de regras germânicas nas nossas contas publicas, e para a segunda o movimento civil voluntário recentemente consubstanciado pelo Projecto Limpar Portugal.

Se por um lado os anos de crise são anos de sofrimento humano puro e absoluto, também o são de um grande crescimento, é tempo de sofrer mas também de sonhar, porque quando um homem sonha o mundo pula e avança, já dizia o poeta.

A total ou quase total ausência de valores das sociedades ocidentais nas ultimas décadas, conduziu-nos a um imenso vazio na alma, que agora munidos de elevados ( ou nem tanto assim ) níveis de formação começamos finalmente a aperceber-mo-nos da armadilha da ganância material, efémera, vazia, egoista, sem sentido.

Por outro lado, a adolescente democracia portuguesa, parece agora acordar de mais uma noite de copos, e começa a despertar para um amanhecer que nos parece sombrio, mas onde a falta de autoridade e disciplina reinantes, a outra realidade não nos poderá conduzir, que não seja a de tomarmos medidas prementes e efectivas no sentido de corrigir essa ausência. Dando assim esperança a que outros valores renasçam da penumbra a que foram sujeitos ou por nós inconscientemente submetidos.
Esperemos no entanto que todos estes anos de liberdade nos permitam saber onde está o equilíbrio e  não passarmos desta vez do 8 para o 80 como nas ultimas 3 décadas e meia passámos do 80 para o 8.

A legitimidade para exercer essa autoridade está em nós na sociedade civil e não no estado, através da nossa união, parte dessa legitimidade é conquistada com movimentos como este. Mas não vamos ficar por aqui, as comunidades participativas e interessadas nascem e multiplicam-se, em Lisboa, Carnide, Mouraria, Marvila ou o Beato lideram os movimentos civis que assumem ( finalmente ) nas suas próprias mãos o seu próprio destino, relegando ao estado o papel de executor, de linhas e directiva definidas sobre realidade concretas, em suma da vontade do cidadão.  será uma questão de tempo, os caminhos estão traçados.


Dos planos grandioso, modernos e bonitos, iremos passar para a REALIDADE, a que nos for imposta por Berlim, ou qualquer uma outra. Será uma questão de tempo. O que não soubermos ou quisermos fazer por nós, ser-nos-á imposto, e aí perdemos a prerrogativa da escolha. Teremos alternativas?

Temos sempre, mas não são válidas, se quisermos esculpir com as nossas próprias mãos os alicerces do nosso futuro colectivo.

No dia 20 de Março, é o inicio de uma nova era, não o fim, assim nós tenhamos a humildade de saber agarrar a oportunidade.

Ergamo-nos!