quarta-feira, 26 de outubro de 2011


“I have come to the frightening conclusion that I am the decisive element. It is my personal approach that creates the climate. It is my daily mood that makes the weather. I possess tremendous power to make life miserable or joyous. I can be a tool of torture or an instrument of inspiration, I can humiliate or humour, hurt or heal. In all situations, it is my response that decides whether a crisis is escalated or de-escalated, and a person is humanized or de-humanized. If we treat people as they are, we make them worse. If we treat people as they ought to be, we help them become what they are capable of becoming.”

Johann Wolfgang von Goethe, German Writer ( August 28, 1749; March 22, 1832)


Cheguei à assustadora conclusão que sou o elemento decisivo. É a minha abordagem pessoal que cria o ambiente. É a minha disposição diária que condiciona o clima. Eu tenho um tremendo poder de tornar a vida miserável ou agradável. Eu posso ser uma ferramenta de tortura ou uma fonte de inspiração, posso humilhar ou agradar, magoar ou curar. Em todas as situações, é a minha reacção que decide se alimento um conflito ou não, e olho uma pessoa como um ser humano ou não. Se tratarmos as pessoas como elas são, nós fazemo-las piores. Se tratarmos as pessoas por quem  elas desejariam ser, ajudamo-las a tornarem-se quem elas são capazes de vir a ser.

sábado, 22 de outubro de 2011

Teoria das janelas quebradas ou "Tolerância Zero"


Aí está um dos segredos da coisa. Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social. Deixou dois automóveis abandonados na via pública; dois automóveis idênticos, da mesma marca, modelo e até cor. Um deixado no Bronx, na altura uma zona pobre e conflituosa de Nova York e o outro em Palo Alto, uma zona rica e tranqüila da Califórnia.

Dois automóveis idênticos, abandonados em dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada lugar.
Resultou que o automóvel abandonado no Bronx começou a ser vandalizado em poucas horas. Perdeu as janelas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, o automóvel abandonado em Palo Alto manteve-se intacto.
É comum atribuir à pobreza as causas de delito. Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (da direita e esquerda). Contudo, a experiência em questão não terminou aí, quando o automóvel abandonado no Bronx já estava desfeito e o de Palo Alto estava a uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto.

O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o do Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre. Por quê que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso?
Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem a ver com a psicologia humana e com as relações sociais.
Um vidro partido num automóvel abandonado transmite uma idéia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como que vale tudo. Cada novo ataque que o automóvel sofre reafirma e multiplica essa idéia, até que a escalada de atos cada vez piores, se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional.
Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a 'Teoria das Janelas Partidas', a mesma que de um ponto de vista criminalístico, conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores.

Se se quebra um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o conserta, muito rapidamente estarão quebrados todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o delito.
Se se cometem 'pequenas faltas' (estacionar-se em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar-se um semáforo vermelho) e as mesmas não são punidas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves. Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.
Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por temor aos gangs), estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinqüentes.
A *Teoria das Janelas Partidas*foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: grafites deteriorando o lugar, sujeira das estações, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno delito, conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.

Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, o prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de 'Tolerância Zero'. A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana.
O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York. A expressão 'Tolerância Zero' soa como uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança.
Não se trata de linchar o delinqüente, nem da prepotência da polícia. De fato, a respeito dos abusos de autoridade, deve-se também aplicar a tolerância zero. Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito. Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Celebrando 15 anos de animação na medicina

domingo, 16 de outubro de 2011

Crise sistémica Global 2008….2020 (resumo)


Fase 1 – 2006/2007 – Sintomas
Quebra abrupta nos mercados em Agosto/2006, inicio da crise do Sub-Prime ( mercado imobiliário de segunda habitações / hipotecas nos EUA ).

Fase 2 – 2008/2009 – Choque – Falência do Leman Brothers provoca efeito em cadeia, aparentemente estancado pelo plano de intervenção de emergência criado para o efeito pela Reserva Federal Americana a equivalente nos EUA ao Banco Central Europeu (BCE).
Reacção em cadeia em todo o mundo ocidental, que conduz ao fecho dos mercados interbancários por quebra de confiança dos bancos uns nos outros ( até há data não voltou a funcionar da mesma forma ).

(a partir daqui, a crise da divida da Grécia antecipou estas datas em 1 ano)
Fase 3 – 2009/2010 – Reacção – Governos de todo o mundo assustados e desorientados pelas consequências devastadoras da reacção em cadeia ocorrida no sistema financeiro global, tomam medidas avulsas recorrendo às teorias Keynesianas numa economia global totalmente aberta, quando o sucesso deste tipo de medidas pressupunha economias relativamente fechadas e isoladas. O efeito placebo destas medidas, produz crescimento económico aparente, enquanto agrava fortemente o deficit orçamental e a divida publica & externa de todos os países ocidentais sem excepção (Alemanha inclusive ). A maioria dos cidadãos fica «baralhado» com os sinais contraditórios que vai lendo da realidade percebida, realidade esta que resulta quase exclusivamente da adição à corrente mediática prevalecente nomeadamente a televisão & os jornais, e incorre em decisões inversas das que devia tomar.

Fase 4 – 2010/2011 – Tomada de consciência – Os aumentos de deficits orçamentais em 2008, 2009, 2010, produzem os seus resultados, fazendo disparar as dividas publicas confrontando os governos das economias mais frágeis com a inevitável necessidade de reequilibrar contas públicas. Os cidadãos «embalados» por politicas demagógicas, sofrem novo choque por via da necessidade de aumento de carga fiscal, e perspectivas económicas ainda mais negativas, que as de 2008. O medo instala-se, a procura de informação credível fora da corrente mediática prevalecente, aumenta exponencialmente, as redes sociais surgem como a fonte de informação credível por excelência, embora muitas vezes contraditória e pouco verosímil para o comum cidadão.

Fase 5 – 2011/2013 – Ajustamento fiscal de choque – Confrontados com situações reais de  banca rota absoluta & real, os governos das economias mais frágeis, optam pelo caminho politicamente possível em jovens democracias frágeis, assentes em povos politicamente imaturos e com baixos níveis de competências sociais e submetem-se a programas de ajustamento económico assentes em pressupostos e premissas, que não levam em conta a falta de competitividade das respectivas economias, conduzindo-as , para ciclos viciosos de AUSTERIDADE & DEPRESSÃO, e destruindo a pouca massa crítica que ainda resta a essas economias e que poderia servir de base a uma nova fase de crescimento, via canibalismo fiscal às PMEs e aos rendimentos do trabalho dos seus mais brilhantes profissionais, levando estes a emigrarem maciçamente.

Fase 6 – 2014/2015 -  Confrontados com crescimentos anuais negativos do PIB superiores a  -5% ;

que reduzem a receita fiscal em vez de a aumentar, condicionando assim o necessário reequilíbrio das contas publicas;

que aumentam o desemprego, pressionando insuportavelmente  o orçamento da segurança social, criando roturas de tesouraria e falhas nos pagamentos de subsídios de desemprego, reformas e outros apoios sociais;

que aumentam os rácios de endividamento dado que a base (PIB) é menor mesmo que o crescimento da divida publica seja nulo;

os governos das economias mais frágeis, são obrigados a ter de escolher entre uma destas opções:

Renegociação da divida, com perdão parcial da mesma, redução das taxas de juro e adiamento do prazo de pagamento da restante, com a colaboração e o apoio das instâncias europeias (hipótese mais provável )
Recuperação da política monetária e da respectiva moeda abandonando o projecto da moeda comum, assumindo custos devastadores nos primeiros 3 anos após a decisão, mas em simultâneo permitindo um ajustamento económico ao novo paradigma global e uma capacidade de recuperação do crescimento mais rápidas, à custa de situações de rotura que se podem vir a revelar traumatizantes no futuro especialmente a nível social. ( Hipótese menos provável )


(Não vale a pena perspectivar alem disto, porque dependendo das decisões e muito em especial do timing destas os cenários macroeconómicos e sociais podem mudar consideravelmente)

Nota do autor – Qualquer que seja o governo português, hoje, não dispõe da necessária soberania para conduzir politicas próprias, pelo que não adianta criticar o governo.

O importante é aproveitar a oportunidade & aberturas criadas na sociedade civil nestes períodos de reajustamento económico, dado que o sofrimento pessoal funciona como um forte motivador que predispõe as pessoas à mudança. Só através de uma mudança radical de mentalidades e comportamento poderá o país recuperar a sua soberania, porque só uma sociedade civil forte e assente em princípios e valores válidos para alem dos tempos, poderá produzir uma classe politica responsável e digna de conduzir os esforços de todos em proveito do bem comum.

Esta obrigação de ajudar os menos informados, preparados e/ou capazes é de todos aqueles que por uma razão ou outra tiveram a oportunidade de usufruir de níveis de formação / educação médios ou superiores, mas também de todos os que com a sua experiência sintam que o devem fazer. Deverá ser também um esforço de adaptação intergeracional, caso contrário a rotura geracional pode conduzir a situações de desequilíbrio que em nada beneficiam o colectivo.

Carpe Diem

@CMS, 2011.10.15