Fase 1 – 2006/2007 – Sintomas
Quebra abrupta nos mercados em Agosto/2006, inicio da crise do Sub-Prime ( mercado imobiliário de segunda habitações / hipotecas nos EUA ).
Fase 2 – 2008/2009 – Choque – Falência do Leman Brothers provoca efeito em cadeia, aparentemente estancado pelo plano de intervenção de emergência criado para o efeito pela Reserva Federal Americana a equivalente nos EUA ao Banco Central Europeu (BCE).
Reacção em cadeia em todo o mundo ocidental, que conduz ao fecho dos mercados interbancários por quebra de confiança dos bancos uns nos outros ( até há data não voltou a funcionar da mesma forma ).
(a partir daqui, a crise da divida da Grécia antecipou estas datas em 1 ano)
Fase 3 – 2009/2010 – Reacção – Governos de todo o mundo assustados e desorientados pelas consequências devastadoras da reacção em cadeia ocorrida no sistema financeiro global, tomam medidas avulsas recorrendo às teorias Keynesianas numa economia global totalmente aberta, quando o sucesso deste tipo de medidas pressupunha economias relativamente fechadas e isoladas. O efeito placebo destas medidas, produz crescimento económico aparente, enquanto agrava fortemente o deficit orçamental e a divida publica & externa de todos os países ocidentais sem excepção (Alemanha inclusive ). A maioria dos cidadãos fica «baralhado» com os sinais contraditórios que vai lendo da realidade percebida, realidade esta que resulta quase exclusivamente da adição à corrente mediática prevalecente nomeadamente a televisão & os jornais, e incorre em decisões inversas das que devia tomar.
Fase 4 – 2010/2011 – Tomada de consciência – Os aumentos de deficits orçamentais em 2008, 2009, 2010, produzem os seus resultados, fazendo disparar as dividas publicas confrontando os governos das economias mais frágeis com a inevitável necessidade de reequilibrar contas públicas. Os cidadãos «embalados» por politicas demagógicas, sofrem novo choque por via da necessidade de aumento de carga fiscal, e perspectivas económicas ainda mais negativas, que as de 2008. O medo instala-se, a procura de informação credível fora da corrente mediática prevalecente, aumenta exponencialmente, as redes sociais surgem como a fonte de informação credível por excelência, embora muitas vezes contraditória e pouco verosímil para o comum cidadão.
Fase 5 – 2011/2013 – Ajustamento fiscal de choque – Confrontados com situações reais de banca rota absoluta & real, os governos das economias mais frágeis, optam pelo caminho politicamente possível em jovens democracias frágeis, assentes em povos politicamente imaturos e com baixos níveis de competências sociais e submetem-se a programas de ajustamento económico assentes em pressupostos e premissas, que não levam em conta a falta de competitividade das respectivas economias, conduzindo-as , para ciclos viciosos de AUSTERIDADE & DEPRESSÃO, e destruindo a pouca massa crítica que ainda resta a essas economias e que poderia servir de base a uma nova fase de crescimento, via canibalismo fiscal às PMEs e aos rendimentos do trabalho dos seus mais brilhantes profissionais, levando estes a emigrarem maciçamente.
Fase 6 – 2014/2015 - Confrontados com crescimentos anuais negativos do PIB superiores a -5% ;
que reduzem a receita fiscal em vez de a aumentar, condicionando assim o necessário reequilíbrio das contas publicas;
que aumentam o desemprego, pressionando insuportavelmente o orçamento da segurança social, criando roturas de tesouraria e falhas nos pagamentos de subsídios de desemprego, reformas e outros apoios sociais;
que aumentam os rácios de endividamento dado que a base (PIB) é menor mesmo que o crescimento da divida publica seja nulo;
os governos das economias mais frágeis, são obrigados a ter de escolher entre uma destas opções:
Renegociação da divida, com perdão parcial da mesma, redução das taxas de juro e adiamento do prazo de pagamento da restante, com a colaboração e o apoio das instâncias europeias (hipótese mais provável )
Recuperação da política monetária e da respectiva moeda abandonando o projecto da moeda comum, assumindo custos devastadores nos primeiros 3 anos após a decisão, mas em simultâneo permitindo um ajustamento económico ao novo paradigma global e uma capacidade de recuperação do crescimento mais rápidas, à custa de situações de rotura que se podem vir a revelar traumatizantes no futuro especialmente a nível social. ( Hipótese menos provável )
(Não vale a pena perspectivar alem disto, porque dependendo das decisões e muito em especial do timing destas os cenários macroeconómicos e sociais podem mudar consideravelmente)
Nota do autor – Qualquer que seja o governo português, hoje, não dispõe da necessária soberania para conduzir politicas próprias, pelo que não adianta criticar o governo.
O importante é aproveitar a oportunidade & aberturas criadas na sociedade civil nestes períodos de reajustamento económico, dado que o sofrimento pessoal funciona como um forte motivador que predispõe as pessoas à mudança. Só através de uma mudança radical de mentalidades e comportamento poderá o país recuperar a sua soberania, porque só uma sociedade civil forte e assente em princípios e valores válidos para alem dos tempos, poderá produzir uma classe politica responsável e digna de conduzir os esforços de todos em proveito do bem comum.
Esta obrigação de ajudar os menos informados, preparados e/ou capazes é de todos aqueles que por uma razão ou outra tiveram a oportunidade de usufruir de níveis de formação / educação médios ou superiores, mas também de todos os que com a sua experiência sintam que o devem fazer. Deverá ser também um esforço de adaptação intergeracional, caso contrário a rotura geracional pode conduzir a situações de desequilíbrio que em nada beneficiam o colectivo.
Carpe Diem
@CMS, 2011.10.15