Com 308 concelhos ( sim com “C” e não com “S” ) e + de 4,200 Freguesias, não é difícil concluir que o território nacional se encontra geograficamente demasiado dividido.
Barcelos com 89 Freguesias, Lisboa com 53, são dois concelhos entre outros que nos mostram esse excesso de divisão geográfica.
Se acrescermos a este facto a tendência continua desde 1970 para uma migração das freguesias mais pequenas (pop<2000Hab) para as Vilas (pop>10,000) e cidades maiores (pop>100,000hab), que tem literalmente desumanizado quase todo o interior do país em beneficio do Litoral, a um ritmo de meio milhão de pessoas por década entre 1981 e 2001 (espera-se valor idêntico nos censos do próximo ano 2011), facilmente se percebe a razão porque hoje existem freguesias no litoral com mais população que muitos dos concelhos do interior.
Contudo para além deste movimento migratório, existem razões históricas que justificam a existência de alguns concelhos, nomeadamente pelo facto de muitos deles terem mais de 300, 400 ou 500 anos. Como se explica às populações o fim de um concelho com esta idade?
É preciso e é possível, mas terão de existir razões, as razões terão de ser fortes, e muito, mas muito bem explicadas.
É uma reforma que para ser bem feita, precisa de tempo; tempo para se aferirem bem as realidades de cada freguesia e concelho; tempo para que as pessoas participem no processo; tempo para que todos tenhamos consciência da imperiosa necessidade de mudança e da validade da mesma.
Alem do tempo, é necessário também que o estado tenha a necessária autoridade para ir ultrapassando as esperadas barreiras, decorrentes de rivalidades entre povoações, algumas muito antigas, embora hoje totalmente injustificadas.
Para que a autoridade seja legítima e inerente, é preciso definir os parâmetros mais racionais & abrangentes, não só económicos, é preciso tempo para se explicar o que se pretende, é preciso tempo para ouvir; tempo para reunir; tempo para ponderar; tempo para decidir; tempo para implementar; tempo para avaliar; tempo para corrigir; tempo para consolidar.
Se a nossa aproximação a esta questão for a de sempre, (em democracia), provavelmente não obteremos o necessário sucesso em tempo util. Se for uma abordagem inteligente, que tenha em conta não só os interesses do estado e do país como um todo mas também das partes que o compõem, o sucesso será garantido, se persistirmos na abordagem de sempre, tecnocrática, leviana, em suma, autista, provavelmente não iremos longe.
Teremos hoje uma classe politica, com a humildade, a paciência, a determinação, a firmeza, e a acima de tudo a sabedoria, para avançar com um processo desta envergadura?
Sabendo que desde há algumas décadas nenhum governo se abalança numa reforma desta dimensão e profundidade, eu diria que sem um compromisso de longo prazo de todos os partidos políticos democráticos com assento parlamentar, dificilmente seremos capazes de conduzir a bom termo tamanha tarefa. O tempo nos dirá. O mesmo tempo que nos falta. É tempo de avançar, para que tenhamos todo esse tempo, de que precisamos.
No dia 2 de Setembro de 2009 quando era Cabeça-de-Lista à Assembleia da República escrevi este desabado...
ResponderEliminar4257 FREGUESIAS ??? COM 4257 PRESIDENTES DA JUNTA E OS SEUS ASSESSORES? AFINAL SOMOS GRANDES
http://pt.wikipedia.org/wiki/Freguesias_de_portugal
Vejam o link e como somos grandes e ricos para sustentar este brutal divisionismo que a título pessoal e como cidadão português me envergonha.
Recentemente falava com um colega e ele questionava-se mesmo da necessidade da existência de freguesias.
Quiçá resolver o problema pelo eliminar de imensas freguesias ou mesmo a sua extinção, analisando-se os resultados, poderia ser prioritário face à restruturação dos concelhos que aqui já propusémos, provocando menos choque.
Como não é do meu estilo afastar qualquer ideia à partida sem a debater, aqui lanço o debate.
Sem prejuízo de comentar após mais entradas neste texto deixo aqui este pequeno dito.
Um abraço.
Há razões que a razão desconhece...
ResponderEliminarE autarcas que podem apertar as mãos dos seus eleitores todos os dias...
Luxos e (con)tradições do País do Mexilhão.
Se K nevasse, fazia SK Ski!
:-)
Bom texto
Bela "polémica"!
Mas... Já viste que andas a mexer com o "sexo" de mais de 4.000?
Cuida-te Carlos!
Ainda te vão aos fagotes...
Parabéns
Abraço
É simples, ou há coragem para ser forcado ou não.
ResponderEliminarE como se sabe os forcados acabam sempre por ganhar ao touro se actuarem com técnica treino e em equipa.
Obrigado Luis, é caso para dizer, "diz o roto ao nu" ;-)
ResponderEliminarGrande abraço
Para começar 5 regiões, fusão de concelhos e extinção de 50% do número de freguesias por fusão.
ResponderEliminarCumprimentos.
Novo texto a comentário no:
ResponderEliminarhttp://viadoinfante.blogspot.com/
Não sei o que é mais inacreditável? Se a exis- tência de 308 concelhos e mais de 4200 fregue- sias? Ou o facto de "os nossos deputados" nem sequer discutirem a urgência de uma reforma administrativa?! Esta omisão é sintomática relativam/ à (falta de) qualidade dos nossos deputados.
ResponderEliminarÉ curioso que o próprio Prof. Marcelo sempre pronto a opinar sobre tudo, incluindo futebol, praticamente nunca se pronunciou sobre o sur- realismo desta divisão territorial.. Recordo que o Prof. Freitas do Amaral, reputado adminis trativista, logo a seguir ao 25 de Abril, ter afirmado que as freguesias não serviam para nada!? Salvo para alimentar o monstro de compa drio e de amiguismo em que se constituiram as Câmaras, acrescento eu. E as excepções, que admito, as haverá apenas confirmarão a regra... A verdade é que - não é certamente por acaso- em Espanha, na França, na Inglaterra, etc, não há freguesias!
http://www.dgo.pt/oe/2010/Proposta/Mapas/index.htm
ResponderEliminarA quem possa interessar o valor do orçamento de estado que vai para Freguesias e Concelhos ( 1 a 1 ); ver mapas: 18, 19 & 20
Da fusão resultarão municípios e freguesias maiores, com maior autonomia de gestão que dispensam claramente mais um nível de administração publica, no caso as regiões.
ResponderEliminarNum cenário de extinção de freguesias e de diminuição de concelhos, para além da eventual criação de 1 ou 2 nos grandes centros só concordo com o que disseste no cenário de uma integração ibérica onde Portugal por si só é uma região ligeiramente de igual tamanho a Castilla-la-mancha e Andalusia.
ResponderEliminarDeixo a debate. Num cenário de integração sou pela não regionalização de Portugal. Num outro cenário defendo a extinção dos distritos e criação de 5 regiões continentais.
Eduardo, eu sou claramente a favor de um referendo quer a essa tua ideia de integração quer novamente á regionalização. Talvez essa seja a única forma de colocarmos de parte de vez cada uma dessas ideias e começarmos a trabalhar em conjunto no que é exequível face aos meios financeiros que cada vez menos temos.
ResponderEliminarPragmático.
ResponderEliminarConcordo.
Não respeito pre-julgamentos que escapam À inteligência como dos daqueles que já me chamaram noutra sede "traidor ibérico" como também chamavam a Saramago.
ResponderEliminarQuem não têm inteligência para compreender a profundidade do tema deveria ter a honestidade intelectual para ouvir quem a têm.
Bato-me por uma República Ibérica com respeito mútuo e manutenção das 4 línguas oficiais.
Não há fronteiras naturais, não há diferenças étnicas e não deveria haver a diferença que por vezes apontam, a de que somos tristes e que eles não são.
Mas que merda de diferença é esta? É esta a imagem que se pretende nos leve a algum lado?
Se outras diferenças há...e se os povos não estão preparados para pensar nisso...que sejam preparados..é para isso que serve a educação.
Quem opina pelo separatismo sem querer sair do conforto do igual não experienciando o conforto do muito semelhante em terreno alheio não tem os elementos necessários para ver "por fora do quadrado".
Caro Eduardo,
ResponderEliminarQuanto ao lhe chamarem "traidor Ibérico", é como dizia no outro dia ao Carlos no seu comentário de 22 de Junho "É simples, ou há coragem para ser forcado ou não."
Agora sou eu que lhe digo: É simples, terá que enfrentar os "touros"...
Recordemos o que quiseram fazer ao primeiro que disse que era a terra que girava em volta do sol e não ao contrário...
Cumprimentos,
@ Noélia, A estupidez por vezes mistura-se com a coragem, na medida em que é muito mais fácil a um burro ser corajoso que a alguem que pondera os risco que corre em optar por um dado caminho. A coragem para mim, é um meio e não um fim em si mesmo. É algo de que me socorro sempre que e após a necessária ponderação concluo que o beneficio de uma determinada opção se sobrepõe claramente aos risco dessa opção, apesar dos riscos poderem ser elevados, desde que ainda assim o beneficio tambem o seja, eu arrisco. Na minha vida já tive suficientes, provas que suplantar, e não ganhei todas as apostas que fiz, nem por sombras, ainda assim fica sempre uma experiência e quem arrisca tem sempre essa vantagem sobre quem não o faz.
ResponderEliminarPorem o que para uns pode ser risco e coragem, para outros pode ser deja-vu, e a opção de "não ir por aí", pode levar uns a confundir inteligência com falta de coragem, dos outros. No fim como em tudo na vida o que fica é a consciencia de cada um.
@Eduardo, a integração ibérica que defendes está a ser ultrapassada pelos tempos que correm e que ainda aí vêem. Os números da emigração de portugueses para outros países da UE e não só dispararam nos últimos 3 anos, estima-se que no final de 2010, tenham saído de portugal na ultima década 2000-2010, cerca de 1,000,000 de portugueses, e a grande diferença em relação á década de 60, é que estes são na sua grande maioria pessoas com uma qualificação média elevada. A integração que existe, e existe sem vontade dos povos é uma integração europeia, uma sub-integração ibérica é algo que para a maioria é secundário, ocupados que estamos todos a tentar sobreviver.
ResponderEliminarQuanto á regionalização, ela acabará por se impor sim, mas não numa base nacional como a regionalização que tu defendes assente em NUTS ( que como o próprio nome indica em inglês " é de loucos ), a regionalização que eu falo acabará por decorrer da cisão de alguns países europeus e da junção inter-países de algumas regiões que partilham línguas e culturas comuns, como o Pais Basco, a Galiza e o Norte de Portugal, a Andaluzia e o Alentejo, tudo exemplos ibéricos. É por aí que poderá vir a existir a integração ibérica que tu defendes e não numa junção das duas nacionalidades.
Quanto à emigração...sou um deles Carlos...mas fundamental é não esquecer que com mais força e mais competência há uma responsabilidade.
ResponderEliminar"With great talent comes great responsability".
Grandes oportunidades trazem grandes responsabilidades. Estou cá para as assumir e não abdico nem um minuto de ti e da minha equipa.
Gostei do teu 2º parágrafo. Particularmente do estreitamento de relações Portuguesas com a Galiza que estão a funcionar em 1ª quando podiam estar em 7ª e em cruzeiro.
@Noélia: Obrigado, eu vou À luta. Com ponderação, honra e força.
@Noélia: A questão Ibérica levantar-se-á com grande acuidade...no início do período de qualificação para o Mundial de 2018...a meados de 2016...com ponto forte nesse 2018.
ResponderEliminarÉ uma questão que levará muitas décadas de debate...e que se não entrar pela porta da frente....não deixará de entrar pela porta do cavalo.
Um abraço