segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Poder da palavra contra a palavra do poder.

Texto da responsabilidade de Eduardo Sanfins Graça ( 24 anos - Lic Direito );


Palavra: Criação, instrução e instrumentalização de uma sociedade civil ao serviço do conhecimento do dado (datum) e não do facto (fabricado).

Poder: Quem em última análise produz a decisão que tem meios para que seja acatada.

Contra: Não um combate ou ataque directo mas uma contra-posição de ideias e aditamento de pontos de vista. Não se pretenda ser contra algo sem bem se compreender a outra parte.

A este respeito gostava que imaginassem uma manifestação em que manifestantes vestiam previamente fardas policiais e que os policiais se vestem de manifestantes antes desta ocorrência.

A pior coisa que pode acontecer a uma sociedade moderna é o silêncio dos seus sócios.

E, salvo melhor opinião, o pior silêncio é aquele que se impõe de discutirmos a questão gene, a da nossa própria existência enquanto país e em que condições.

Estas palavras que me proponho escrever por fortuna, acontecem na mesma semana em que 50% dos Portugueses se exprimiram a favor de uma Federação Ibérica.

Sendo partidário em abstracto desta ideia, com nuances e condicionantes, registo dois alertas.

O de que desconfio que estes 50% não sejam pela razão que deveriam, permitam-me, ser, e o de que os espanhóis (parecendo compreender) apenas deram assentimento a esta ideia em 30%.

Numa sociedade em que a economia parece ter tomado conta de toda a vida dos sócios, a vertente espiritual e de valores, que devia nortear tal resposta não parece ter contribuído de forma relevante para os números deste inquérito.

Não estou satisfeito. Uma sociedade que não questionou a bondade de estar separada há 900 anos, abre mão de todo esse componente social em favor de uma mão cheia de euros.

Nesse inquérito foi também concluído que os Portugueses aceitariam de bom grado o castelhano obrigatório nas escolas (o que até defendo), mas que os espanhóis não colocavam sequer a hipótese de o inverso acontecer (o que não admito).

Também já escrevi que para tal Federação não estão nem um nem outro país preparados. E que num casamento equilibrado ambos deverão compreender a necessidade da cedência. A Espanha não a compreende e Portugal até parece estar disposto a compreender que a Espanha não a compreenda.

Na nossa sociedade, movimentos civis são rechaçados em eleições por um povo possuidor de níveis de educação aparentemente mais altos mas que vão sendo cada vez mais delapidados em qualidade.

Um povo que se interessa pelo mediático, pela forma, pela sedução emocional em detrimento do racional, é facilmente manipulável e será por certo seduzido pelo apelo ao consumismo desmedido e à erosão do elemento espiritual.

Quando cidadãos mais atentos pretendem alertar, sob a capa de movimentos da sociedade civil, para o facto de que algo vai mal e que o elemento racional deve retomar o seu lugar, sabem também que os detentores do 4º poder, sobrevivendo sobremaneira do emocional não terão qualquer incentivo para os empolar.

Vencerá o truque, a mentira, a encenação? Direi que sim, no caminho que se segue.

O que fazer? Através da Internet, enquanto se mantém moderadamente livre, poderemos fazer a diferença.

Ademais, se o sistema não favorece de forma alguma a ascensão de tais grupos sociais, que haja a força e a atitude necessária para expelir a má moeda dos partidos procurando melhorá-los por dentro.

Eles detém o poder político, e a política é demasiado importante para que nos relaxemos e deixemos que as “boas moedas” sejam constantemente afastadas desses partidos.

Suportemo-las. Uma corrente de opinião dentro de um partido, no sistema actual, tem mais hipótese de, em tempo útil, contribuir com expressão para alterar o status quo de um poder fraco cuja propaganda é custeada pelos impostos da sociedade civil.

O discurso da causa e da consequência

A sociedade pós 25 de Abril é uma sociedade que tem vindo a melhorar alguns meios de diagnóstico, debate e crítica por meio da doxa (opinião) mas que escudando-se em Direitos fundamentais não é acompanhada de actualizada carta de deveres fundamentais.

É natural pois a falta do discurso da consequência. E especialmente falta de consequência política e financeira.

Eventualmente haverá poucos "fundamentais" a descobrir que resolvam os problemas sócio-económicos mundiais. O que há, salvo melhor opinião, é um olvidar permanente de palavras como consequência, assimetria informativa, risco e incentivos.

Ninguém combaterá a causa, se não tiver atitude necessária para assumir a consequência.

Este é o povo, o nosso povo, a quem alguém já apelidou de "o sem memória". Aquele que aprendeu a esquecer.

Mas não te esqueças amigo: se queres prever e mudar o futuro, conhece e estuda o passado.


( este texto está disponivel tambem em viadoinfante.blogspot.com )

2 comentários:

  1. Não concordo com ao termo racional, usado no contexto supra nem com a condenação das emoções.

    Em lugar de termos uma atitude racional, diria critica ou em buscado essencial,
    procurar o essencial tem a ver com o estar disperto !
    quem esta disperto ou atento percebe as coisas.
    Perceber é o queé preciso.


    quanto á questão emocional faz parte dos seres, pode haver emoção ao racionalisarmos pq racionalizar pondo de parte as emoções pode ser perigoso .

    quanto ao restante.....
    bom não acredito em governos estado ou partidos
    mas tb sei que para ja ainda existem

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  2. Agradeço a amabilidade que teve em ler o, porventura um pouco extenso texto.

    Recomendo também a leitura do blog do qual sou fundador e colaborador:

    http://buildingeurope.blogspot.com

    Aguardo mais comentários com curiosidade.

    Eduardo

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