segunda-feira, 17 de maio de 2010

EUROLANDIA 2.0

Uma das virtudes das crises é unirem as pessoas nas dificuldades comuns, o mesmo acontece com os países quando a crise é de dimensões bíblicas, como a que actualmente enfrentamos.

Os nossos “queridos lideres” Europeus, perceberam finalmente que não é possível continuar com políticas de meios-termos e confortáveis indefinições, que SÓ servem interesses político partidários, relegando para segundo ou terceiro plano o real e efectivo interesse dos 440 milhões de cidadãos europeus que fazem parte integrante da Eurolandia.

Os 26 países efectivamente comprometidos com a Eurolandia, e que dela fazem parte uniram-se, em torno do Euro. Por enquanto ainda são só 16 os que integram o Euro, mas á medida que os “mercados financeiros” vão fazendo as suas vitimas, os processos de intenção de adesão ao Euro, apressaram-se rapidamente e ganharam peso nas agendas politicas dos 10 países que ainda não aderiram. Na frente deste pelotão a Suécia e a Polónia, a braços com dificuldades em garantir a estabilidade a prazo das respectivas moedas, já estão a tratar do seu próprio processo de adesão.

Ficou de fora mais uma vez o Reino Unido, que continua a, servir de peão de brega dos interesses americanos na Europa,  infelizmente sob a égide de um enorme equívoco dos seus governantes, que pensam que os “mercados” aos quais a city de Londres dá guarida, terão alguma contemplação quando chegar a hora de canibalizar a Libra Esterlina. ( Vide George Soros, 1992 )

Esta RE-União dos países Euro-monetarizados, em volta da sua moeda traduz de facto, um reerguer de barreiras defensivas face ao esperado colapso do USD, que na vã tentativa de evitar o continuo afundanço, se vai tentando valer dos que lhe estão mais próximos, lançando apelos desesperados ao enfraquecimento do Euro, para que á medida que este vai ocupando espaço como moeda de referência mundial, o resto do mundo não se aperceba tão rápidamente o quão prescindível e prejudicial á economia mundial se tornou o Dolar Americano, dada a continua politica de injecção de liquidez, por parte da FED, na impossibilidade do estado norte americano conseguir reunir todos os “Trilionésimos” fundos que necessita para assegurar o seu financiamento corrente.

Certo que todos nós europeus lamentamos profundamente o que está a acontecer nos EUA, até porque todos nós sabemos a luta hercúlea que o presidente Obama, está a enfrentar, tentando re-regulamentar os mercados financeiros e respectivos operadores, evitando que a ganância destes, continue a conduzir o país a uma bancarrota quase certa. Resta-nos desejar-lhe, boa sorte, pois nada mais podemos fazer por eles.

O ataque ao Euro por parte dos média anglo-americanos irá intensificar-se e é natural que na Europa os anglófonos de serviço, continuem a tentar protelar o inevitável fim da supremacia financeira anglo-americana no mundo, tentando criar cortinas de fumo, por nós bem conhecidas como o "problema grego" os "PIIGS" e etc...  

Com criação deste fundo de apoio no valor de 750 mM€, a União Europeia, criou as bases do futuro Fundo Monetário Europeu ( EMF na sigla inglesa ), indiciando o previsível abandono do FMI ( IMF ), onde é neste momento o maior contribuidor liquido com aproximadamente 35% do orçamento desta instituição e onde os EUA apesar de terem reduzido o seu peso de 35% para 17% ( para metade ) continuam – inexplicavelmente – a deter o direito de VETO, sobre todas as decisões.

O Recem criado Fundo Monetário Asiático ( AMF ), cujos principais financiadores  são a China e o Japão, já tinha colocado em causa a viabilidade do FMI,a prazo. Com a previsível a saída da Eurolandia em peso, só a redefinição do papel dos BRICS neste fundo o poderá salvar, do fim anunciado, dependendo o aumento das contribuições destes, do abandono do poder de veto  por parte dos EUA.

Os EUA arriscam-se a prazo a ser os primeiros potenciais beneficiários do mesmo, uma vez que a Europa terá obrigatoriamente que “deitar a mão” ao Reino Unido sob pena, deste ao afundar-se poder afectar também a solidez financeira Europeia. 

A relativa juventude dos novos lideres Britânicos, poderá ajudá-los a ultrapassar traumas antigos e a  pedir a adesão ao Euro, antes de serem confrontados com a impossibilidade prática de obterem financiamento nos mercados de 200 mM€ que irão necessitar durante o verão para suprir as suas necessidades de tesouraria. É que mesmo a Libra esterlina, também tem os seus limites de sobre - valorização.

Finalizo lembrando que a criação do Fundo Monetário Europeu, é tardia e não decorre de uma decisão estratégica, como deveria ter acontecido aquando da criação do próprio Euro, antes é fruto de uma manobra de recurso que visa reforçar uma moeda que tinha tudo para já ter substituído o Dolar americano como moeda de referência mundial, mas acabou enfraquecida pela falta de visão e de um desígnio verdadeiramente pan-europeu partilhado e abraçado por todos os lideres europeus. 

Veremos agora, se confrontados com este novo paradigma, os nossos “queridos líderes” europeus percebem de vez que a União Europeia, na pessoa da sua mais recente criação a Eurolandia, é um caminho sem retorno.

Quanto ao Euro, está bem e recomenda-se.

2 comentários:

  1. Amigo, companheiro camarada de ideias, Carlos e seus leitores.

    Vamos lá a atacar o problema de frente.

    Mais do que um remédio o que necessitas é de um eficaz mecanismo de prevenção.

    Tanto se fala de remédios hoje em dia, mas porque raio...e nada sobre prevenção...

    Será que o rácio de desconto dos políticos europeus em prover à manutenção da sua "soberania" restante é assim tão elevado?

    Em palavras de Campo de Ourique, o que precisamos é de UM MECANISMO EUROPEU DE EMISSÃO DE DÍVIDA PÚBLICA, que ponha as mais tremendas e burocráticas dificuldades à colocação de dívida.

    Tanta burocracia ONDE ELA NÃO PODIA EXISTIR e tanta facilidade (e obscuridade) ONDE ELA TAMBÉM NÃO PODIA EXISTIR.
    o título é muito interessante, revela um humor espirituoso moderno bem ao teu jeito e que muito falta por aí...

    Quanto À integração dos outros 10 (que não o são apenas, veja-se o caso do Montenegro cuja moeda oficial é o euro, sendo apenas "país candidato") vamos por partes.

    Temos aqui o caso da Dinamarca. Em grande parte dos normativos comunitários, apesar de AO MARKETING não lhe interessar publicitar isto, fica sistematicamente colocada em protocolos anexos que a afastam, não menos do que o UK das políticas supranacionais europeias.

    Por isso atenção a não colocar a Dinamarca neste SACO 10.

    Quanto à Inglaterra esta coligação Conservador-Liberal (antitética e curiosa), a meu ver não permitirá o abandono da Libra Esterlina, salvo nas próximas eleições os Liberais aumentarem muito consideravelmente a votação ultrapassando os conservadores cenário pouco provável).

    Quanto aos EUA, vão fazendo o seu jogo puxando os médios “puppets” que se julgam grandes para lados diferentes produzindo um espetáculo que aos olhos dos supracionalistas é DEGRADANTE, mas que os enche de regozijo.

    Será talvez importante lembrar que antes da Guerra do Iraque, Saddam dizia “vamos passar a negociar o nosso petróleo em Euros” ou de Hu Jin Tao muito recentemente, “passaremos a negociar parte da nossa exportação em Euros e rever a indexação do nosso yuan ao Dólar.”

    O que aconteceu na Grécia foi o pretexto que há muito poderia ter sido evitado assim o mecanismo de prensagem tivesse ido “esse pouco” mais longe na criação do mecanismo que no início referi.

    O jogo que estes Anglo-Saxónicos jogam é demasiado engraçado para que não esteja apenas a ser jogado confortavelmente por nós, numa mesa qualquer da sala de nossa casa entre amigos.

    Termino como comecei…mais importante que remédios…que requerem menos “will power”…são os mecanismos de prevenção.

    Uma União Financeira sem União Económica a 100%, com países quentes à mistura, iria ter que dar nisto.

    Um grande abraço

    ES

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  2. Eduardo, obrigado por voltares a comentar o meu blog. Os teus comentários trazem sempre valor acrescentado. Grande abraço

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