sexta-feira, 23 de abril de 2010

No caminho de uma Democracia mais equilibrada e justa.

Segundo a Constituição da Republica Portuguesa de 1976, que consagra um sistema democrático construído sob as cinzas do Estado Novo, integra um espírito claramente socialista, embora já suavizado pelas sucessivas revisões, temos que qualquer cidadão português com 18 anos ou mais, tem direito a 1 voto, nas várias eleições democráticas.

Este direito, é independente da sua idade, sexo, raça, religião, etc.
Em relação ao Estado Novo, houve duas inovações substanciais. As mulheres passaram a poder votar, e a maioridade passou dos 21 para os 18.

Se a primeira alteração é unânime & consensual, já a segunda nunca o foi.
Quiz-se no entanto normalizar a maioridade pela de outros países da Europa e do Mundo.

Acontece que agora, ao fim de 36 anos de Democracia, começa-se a perceber que a manipulação mediática da opinião  pública produz efeitos perversos maioritariamente sobre as faixas etárias mais jovens, que votam em consonância com escalas de valores e idades que pouco ou nada têm a ver com a seriedade das consequências que o seu voto produz nas pessoas que ocupam os mais importantes cargos de administração da nação, e consequentemente na própria governação do país.

Feliz ou infelizmente  toda a gente vota a partir dos 18 anos, mas gente em cargos importantes de governação raramente lá chega antes dos 35. Ou seja , a lógica que é aplicada aos votantes, não é a mesma lógica de selecção natural dos votados. E aqui a idade conta, e não é pouco.

Assim sendo , facilmente se pode concluir que a capacidade de julgamento & decisão aos 18 anos não é necessariamente a mesma que existe aos 35.
No entanto qualquer cidadão com 35 anos tem o mesmo peso eleitoral que um de 18 anos.

Podemos então afirmar com razoável grau de razão, que este sistema trata de forma igual o que necessariamente não o é, resultando daqui uma distorção intransponível.(!?)

Obviamente é sempre muito mais fácil fazer diagnósticos que apontar caminhos, por isso o nosso país está pejado de bons diagnosticadores e carece de gente com capacidade decisão e autoridade pessoal qb para as implementar.

Arrisco portanto, afirmar que a partir dos 35 anos
( idade mínima para se poder ser eleito presidente da republica ) qualquer cidadão deveria dispor de 2 votos, não me arriscando a avançar com mais nenhum outro tipo de divisão menos evidente e fácil de suportar com argumentos suficientemente válidos.

Incorporando as ideias dos 3 primeiros comentários a este texto, complemento a mesma;
Proponho então um regresso á regra 1 homem, 1 voto aos 65 anos, e o retorno á  idade mínima para votar para os 21 anos.




21 comentários:

  1. Deixaria de ser a IDADE que determinaria... mas sim a maturIDADE.

    Porém... elás... Acabada a vida produtiva... Eu acho que seria uma "ditadura" se os anciãos de 80 anos tivessem mais que 2 votos... E talvez me arriscaria a reduzi-los à unidade de voto, pois a idade não perdoa... e a capacidade de entender o mundo muda muito a partir do momento em que perdemos a capacidade de compreender os novos "dicionários"...

    E esta? Hein?

    Abraço

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  2. Todos os jovens estão automaticamente recenseados.

    Lembro esta noticia:

    300 mil jovens recenseados automaticamente
    Para promover a participação eleitoral, todos os jovens com 17 anos passam a constar dos cadernos eleitorais, sem precisarem, como até agora, de efectuar o acto voluntário de recenseamento na Junta de Freguesia.

    A Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, o Instituto Português da Juventude e o Ministério da Administração Interna apresentam hoje a campanha "Votar é Fácil", acção que visa combater o absentismo e levar até às urnas os 300 mil jovens que este ano atingem a maioridade.

    Em ano de eleições europeias (7 de Junho), autárquicas e legislativas (ainda sem data marcada), os jovens que até ao final de 2009 completam 18 anos, para além de não precisarem de se recensear, serão ainda avisados por SMS, no caso de serem portadores de Cartão Jovem, que já podem exercer o seu direito de voto.

    Hoje, no decurso da campanha governamental, será concretizada a criação do microsite "Votar é Fácil", alojado no Portal da Juventude, um dos cinco sites mais vistos da Administração Pública. Através da Linha Juventude (707 203 030) será ainda disponibilizada informação aos jovens sobre o novo sistema de recenseamento eleitoral.

    No âmbito desta campanha de sensibilização ao voto, será também aberto um concurso de mini filmes alusivo à acção "Votar é Fácil".

    http://aeiou.expresso.pt/300-mil-jovens-recenseados-automaticamente=f509103


    Portanto a tendência é inversa. Não interessa se sabem o que estão a fazer, o que interessa é votar, para os políticos se envolverem da "legitimidade", para fazer o que lhes der na telha...

    Um critério para poder ser eleitor: 6 meses de serviço militar e 6 meses de serviço comunitário. Depois disto o tínhamos alguma garantia que o "eleitor" já teria alguma formação básica em responsabilidade e rigor.

    Fica a sugestão.

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  3. Bom Carlos, não concordo com aquilo que propões.

    Primeiro, porque tenho bem menos de 35 anos e não sinto que o meu voto seja inferior ao de ninguém, qualquer que seja a idade. Experiência ajuda muito, mas não há tudo, havendo por aí muitos mentecaptos com 35, 55 ou 75 anos.

    Depois temos outro grande problema nesta tua sugestão: o voto de um reformado poder valer pelo menos o dobro de um jovem é, sem dúvida, a morte do Longo Prazo. Aliás, nem é necessário os reformados terem maior peso por cabeça na votação: actualmente já são os reformados e os que lá perto estão que dominam os países Ocidentais, pondo claramente em xeque as gerações futuras. Porquê? Porque os políticos têm que satisfazer esse largo eleitorado e temem tocar-lhes nos direitos. Mas no futuro como serão sustentáveis os fundos de pensões?!

    Para acabar um comentário que já vai demasiado longo, eu não tive 6 meses nem de serviço militar nem de serviço comunitário (embora este segundo não me importasse) e considero-me mais do que apto a ter os mesmos direitos eleitorais que outro cidadão qualquer.

    Cumprimentos.

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  4. Grande Carlos,

    Uma das definições para democracia é e passo a citar " um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), directa ou indirectamente, por meio de representantes eleito". A questão da idade a partir da qual se vota acaba por ser uma questão complementar desta questão, mas não igualmente importante.

    Legalmente, na legislação actual a maioridade embora possa ser antecipada com o casamento, vem aos 18 anos e com a maioridade vem o direito de votar.

    Fixou-se esta idade porque se entendeu (bem ou mal) que a partir desta idade o indivíduo já teve oportunidade de reunir experiencias e conhecimentos que o levam a poder decidir acerca daqueles que o vão representar. Mas trata-se de uma presunção, de uma ficção legal, na prática é impossivel determinar em concreto quem está ou não em condições de ter essa maturidade. Por essa razão teve de se fixar uma idade geral. Logo se deve ser aos 21 anos ou aos 18 anos acaba por não ser muito relevante tendo em conta que na prática é impossível aferir caso a caso.

    Os votos valeram 2 vezes entre os 35 anos e os 65 anos só teria sentido se houvesse uma fundamentação concertizável para isso e mesmo a haver essa fundamentação mais uma vez seria impossível dizer que todos estariam reuniriam condições, logo mais uma vez teriamos que concluir que na pratica alguns jovens de 18 anos materialmente reuniriam as condições para votar 2x e alguns senhores de 60 anos não reuniriam as condições para votar 2x.

    A questão de fundo é de iure condendo, idealmente a ideia de pessoas mais esclarecidas terem mais a dizer que aquelas que não o são e se deixam seduzir por demagogias, pondo em causa o futuro do país, é interessante mas de iure constituto, na prática não é concretizável.

    Concretizável é a ideia de darmos cada vez mais formação democrática ao povo e exigirmos dos políticos maior clareza e honestidade de diálogo!

    peço desculpa o desleixo do comentário, mas amanhã trabalho. muito haveria aqui a dizer e espero que haja essa oportunidade de o dizer.

    Pedro de Medeiros

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  5. Somos uma mescla de gentes e feitios...
    Uma mescla de idades, cores, religiões, sexos, inclinações sexuais, talentos, vocações, competências, sensos de valores, habilitações...

    Quando cada pessoa tem um voto, o resultado espelha a mesma proporção de diferenças, sejam talentos, competências, habilitações ou sistemas de valores... E é assim que deve ser, pois é a forma mais isenta de cobrir os interesses de cada indivíduo, e é na diversidade que está a força do grupo.

    Já lá foi o tempo do reinado do QI(intelectual), hoje é já reconhecido o QE(emocional), QEc(ecológico) e até se fala em QE(espiritual).

    Qual seria o mais importante para votar? Talvez até ponderassem testes psicotécnicos para avaliar estes quocientes, e consoante os resultados assim os votos disponíveis? E talvez obrigar a novos testes, de x em x tempo, ou "caçar a carta de voto" aos 70?
    ...

    Sim, brinco... com toda a seriedade! Pois a verdade é que isto não é de todo linear...

    Retomando a simplificação por idades...
    Se é verdade que os jovens podem pecar por impulsividade e imaturidade, também é verdade que os mais idosos podem pecar por comodismo e materialismo.

    Por outro lado os mais jovens podem ser os mais entusiastas, desapegada e genuinamente altruístas por natureza, e os mais idosos poderão ser mesmo os mais conscientes, sensatos e sábios.

    Tão sábios, que queiram ver os seus valores e experiências a serem actualizados pelos inputs juvenis, sem se sentirem com isso ameaçados, pois têm os olhos postos no Bem Maior e na Evolução Universal (e não apenas no seu umbigo pançudo).

    Quem poderá defender com isenção, as prioridades dos mais novos e dos seniores (mais de 65, nesta abordagem), cujo voto vale metade dos restantes?
    Estudantes ou em inicio de carreira e reformados...

    Quem poderá garantir que a sabedoria de quem vota por dois, vale duas vezes a sabedoria de quem vota "somenos"?

    Conheço muitas pessoas com mais de 65 anos, que derramam sabedoria e genica de fazer inveja a muita gente. E que após se libertarem das obrigações a que associaram a carreira, família e status, "rejubilando-se" com a reforma, sentem-se enfim livres para agir e fazer valer as suas reais convicções e valores essenciais, esquecidos pelo caminho. E retomam o gosto pelas viagens, cultura, estudos superiores, estudos esotéricos, dança, artes, hobbies, escritas, associações, actividades solidárias…
    Quem tem o direito de lhes tirar um voto?

    E conheço imensos sub-35 (onde eu própria me insiro), que reúnem a coragem de pensar por si próprios, de forma diferente à “socialmente correcta” (e tão ideologicamente equivocada), assumindo quem são e os ideais que os movem, com bom senso, estudo e auto-transformação, contribuindo activamente para a transformação social e humana do seu tempo.

    E recordo uma triste maioria, nesse escalão aqui privilegiado, cujos interesses financeiros a curto prazo (e tão investidos quanto comprometidos), esquecem os custos humanos e ecológicos a médio-longo prazo... Enquanto outros, de facto, “poderiam” reunir o melhor do "miolo" da experiencia e consciência humana e planetária na faixa do meio…

    Somos diferentes sim, e ainda bem. E é importante que os nossos votos reflictam esta mescla diferenciada. A sinergia beneficia-nos a todos.

    Se os mais jovens precisam de mais informação, há que investir nisso, de formas actualizadas, criativas e isentas (curioso… que idade terão quem cria as campanhas que tanto manipulam as mentes mais sugestionáveis e desprevenidas?!).

    Ouvi-los, aprender com eles e dar-lhes tempo... :)

    E com os mais idosos também, ouvi-los, aprender com eles e agradecer pelo que possam querer partilhar e também aprender connosco.
    - Pois um sábio não se cansa de aprender e nem de o partilhar :)

    Margarida Santos

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  6. Discordo em geral do que aqui foi dito.

    Ninguém aqui, nem mesmo eu pôs em questão este sistema democrático. É altura de o fazer.

    Por exemplo, até achei interessante alguns pontos de vista levantados pela Margarida Santos sobre a juventude, e lembrei-me da frase: que seria qualquer coisa como: "a maioria dos homens morrem aos 30 e são enterrados aos 70".

    De facto muita da audácia perde-se prefere-se o seguro que existe à inovação.

    O meu consenso com a Margarida ficou por aí:

    1) Acho que isenção é quase utopista, a menos que estejamos a falar de ciências exactas ou factos, e mesmo aí quando interessa, a politica esforça-se para escolher e polir o que deve ou não ser "verdade" e "publicado".

    2) A lenga lenga da treta, que os votos devem reflectir a maioria, seja ela suicida, ou estúpida não ajuda em nada para resolver os problemas, ajuda apenas a conserva-los e dar-lhes força.

    Digo e repito: A sociedade Portuguesa é como uma criança ingénua com diabetes, que tem de escolher para tutor entre: quem lhe promete mais doces, ou quem promete dieta rígida e coerente até melhorar.

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  7. Boa tarde,

    Tudo isto é muito interessante mas a menos que exista aqui alguém especialista em direito constitucional disposto a dedicar alguns anos a desenvolver um novo modelo democrático que ainda terá de passar pelo voto da população, estas ideias acabam por situar-se no universo das sugestões, dos "e se"...

    Quem somos nós para falar pela maioria das pessoas e dizer quem está ou não habilitado a votar, quem sabe ou não o que é melhor para o país? Por isso caro Ludivico Cardo ninguém põe em causa o nosso sistema democrático ( por enquanto) porque por em causa sem apresentar alternativas sérias e bem estudadas remete-nos para a chamada conversa de café, que por muito interessante que seja não nos leva a lado nenhum. Dito isto reafirmo que estas conversas são no entanto um interessante embrião para acções sérias e concretas. por isso deixo o meu elogio a todos os pensadores que enriquecem este tema!

    Pedro de Medeiros

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  8. Pedro de Medeiros, tu próprio afirmas-te logo: "novo modelo democrático", como que a restringir qualquer novo modelo ao que te parece "democraticamente" aceitável, descartando o que desconheces, e o que ainda está para existir. Talvez não o tenhas feito conscientemente, mas a tua posição é preconceituosa logo à partida.

    Para podermos discutir abertamente os "modelos", precisamos de desbloquear a verdadeira liberdade de expressão...

    Tudo o que não é "Democracia" não se pode discutir? (Entenda-se discussão multipolar).

    A constituição Portuguesa é ambígua, mas o "senso comum" remete para o fascismo tudo o que não se insere na democracia. Eis a razão pela qual certos modelos não saem dos "cafés".

    Não existe nenhum estudante de direito, estratégia, ciências politicas ou filosofia, que tenha a liberdade necessária para fazer uma tese a demonstrar que o corrente "modelo" não serve, sem que lhe aconteçam diversas coisas, entre as quais, não ser formado.

    Não existem cadeiras nem pós-graduações, nem mestrados, nem doutoramentos sobre linhas de pensamento alternativo.

    Existem apenas alguns velhos e raros professores universitários, alguns deles catedráticos que passam a estafeta de pensamento livre a um ou outro estudante que se interessa.

    Sobre "novos modelos", é esta a liberdade que temos.

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  9. Concordo Ludovico Cardo. deve existir liberdade de expressão por essa razão para mim faz sentido falar em democracia, mas respeito outras correntes de pensamento. Não faço restrições, isso já é uma interpretação tua daquilo que eu disse. Eu limitei-me a falar em modelo democrático, se quiseres abrir a discussão a modelos não democráticos, tenho todo o interesse em ouvir-te e aprender contigo.
    Concordo que geralmente ouvimos a versão dos vencedores do 25 de abril e fica por desenvolver outros pontos de vista. Mas se bem me lembro o tema destes comentários era a questão do voto e para essa questão julgo que faz sentido falar em regimes democráticos. Mas aguardo com expectativa um debate sério da tua parte e da parte de todos sobre casos bem sucedidos de outros regimes não democráticos e argumentações lúcidas sobre a aplicabilidade desses regimes aos dias de hoje. é preciso ter em conta também não só as vantagens desses regimes mas também as desvantagens. porque até os dias de hoje ficou demonstrado que não existem regimes perfeitos, mas sim regimes que se vão aperfeiçoando e adaptando À evolução dos tempos.

    um abraço e vamos continuar este debate!

    Pedro de Medeiros

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  10. Para de alguma forma recentrar o v/ debate no texto, deixo á reflexão dos intervenientes algumas questões que de resto já tive o privilégio de poder partilhar com alguns deles.

    Sugiro tambem que cada um assine sem qualquer espécie de preconceitos a sua idade juntamente com o seu nome, se não for contra a vossa vontade, claro.

    Vamos ás questões;

    1 - Porque razão foi definida a idade de 35 anos como o limito mínimo para que um cidadão se possa candidatar ao cargo de Presidente da Republica Portuguesa ?

    2 - Porque razão a idade da reforma é reconhecida pelo estado aos 65 anos?

    3 - Quais são os factores humanos que mais contribuem para a validade de um voto do ponto de vista do interesse colectivo ? Será que a experiência de vida não será um deles?

    4 - As excepções não confirmam sempre a regra, sem contudo deixarem de ser excepções?

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  11. Em criança e adolescente, as expressões que ouvia dos adultos causavam-me alguma estranheza e curiosidade. Porque é que diriam tantas vezes “ai quem me dera ser ainda criança”, ou “quem dera ter ainda 12 anos”, ou “tu é que tens sorte, aproveita enquanto é tempo”, “quem me dera ter 20 anos e saber o que sei hoje”, entre outras semelhantes.

    Estava, obviamente, em desvantagem porque ainda não tinha chegado lá, já eles... sabiam muito mais, porque eram crescidos e já tinham sido crianças.... Teria que esperar para entender bem o verdadeiro sentido daquelas expressões...

    Mas nunca tive pressa, não sei se por influência de ouvir tantas vezes aquilo, nunca tive pressa de chegar aos dezoito..., nunca tive pressa de chegar aos vinte ou aos vinte cinco. Hoje, tenho ainda menos pressa e claro: que bem entendo o que queriam dizer!... Quem de nós não tem aqueles dias em que gostaria de voltar a ser criança, sem preocupações e responsabilidades..., sem pressão e sem stress?!...

    Hoje, vivem-se tempos de crise, de grande pressão, ansiedade e stress, sem sabermos muito bem em que porto iremos ancorar e durante mais quanto tempo iremos andar à deriva!... E, como não podemos “clicar” no botão e voltar a ser crianças e deixar as preocupações aos adultos, então é muito importante que participemos de forma empenhada e responsável para o amadurecimento da democracia no nosso país, mas libertando sempre a criança que vive em nós....

    Há que distinguir entre maioridade e maturidade e como há muita gente que desde cedo e pelas mais variadas razões atinge mais depressa a maturidade, não me parecem viáveis as propostas apresentadas por Carlos Miguel Sousa, sob o risco de nos afastarmos do caminho de uma democracia mais equilibrada e justa.

    Não me tendo identificado desde que li o texto com a proposta de 2 votos por cidadão entre os 35 e os 64, voltando a um voto aos 65, dei por mim a questionar-me sobre que possibilidade é que poderia haver e que fosse mais justa, no caso de se vir a adoptar um sistema de ponderação para os votos dos cidadãos eleitores. Hoje, já quase ao final da tarde, do meu cérebro saiu fumo branco com a revelação da seguinte alternativa que passo a partilhar convosco:

    - E que tal dividirmos os eleitores em eleitores CONTRIBUINTES e eleitores BENEFICIÁRIOS?

    - Aos contribuintes, independentemente da idade e até aos 84 (inclusive): DOIS votos.
    - Aos beneficiários, independentemente da idade e até aos 84 (inclusive): UM voto.

    Para além dos 85 anos:
    - Aos eleitores contribuintes com mais de oitenta e cinco anos: TRÊS votos.
    - Aos eleitores contribuintes com mais de cem anos: QUATRO votos.

    Não seria esta uma forma mais justa de criar uma ponderação para o voto de cada cidadão? Quem mais contribui e durante mais tempo, mais votos tem!

    Como é que é nas empresas, com os accionistas? Quem é que tem mais peso, os que têm menos ou os que têm mais acções?

    Poderão dizer que estou a exagerar e que, ninguém neste país disporia, alguma vez, de 4 votos!

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  12. continuação:

    Dirvos-ei: Olhem que não! E que se fosse agora implementada essa medida, todos nós conhecemos, pelo menos, um cidadão eleitor, contribuinte com mais de cem anos: o nosso grande, enorme e sábio Manoel de Oliveira!

    E alguém questiona a legitimidade deste homem ter um peso de quatro votos? EU NÃO!

    Identifiquei-me bastante com o comentário da Margarida Santos e escolhi uma frase sua que para mim é o ponto essencial e aquele onde temos que investir: na INFORMAÇÃO e no ESCLARECIMENTO, não só dos mais jovens como de grande parte da população em geral.

    Afinal, cidadãos informados e esclarecidos decidirão melhor. Sim porque isso de decidir com base em critérios como o que deu mais beijos, o que é mais simpático e mais bonito, o que tem um jogador de futebol muito famoso ou uma actriz famosa a apoiá-lo ou o que ofereceu mais canetas e porta chaves, pagos com o dinheiro dos cidadãos, com o desconhecimento de grande parte dos cidadãos desse facto, tem que acabar, não concordam?...

    “Se os mais jovens precisam de mais informação, há que investir nisso, de formas actualizadas, criativas e isentas(...)” – por Margarida Santos


    Democráticos cumprimentos a todos,
    Noélia Falcão
    (39 voltas ao sol)

    2010-04-23, às 00:35

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  14. Este texto tem o mérito de chamar a atenção para um aspecto que comprova que a "democracia convencional" tem as suas limitações. Como todos os sistemas, não é perfeita. E também não pode ser universal, no estado actual das coisas a nível mundial. Estou a falar da democracia como ela é geralmente entendida no chamado Norte, ou seja, no seio dos países mais ricos (mais os considerados "em vias de desenvolvimento"). Trata-se daquela democracia de que Churchill disse que "é o pior sistema com excepção de todos os outros".
    Mas, ao contrário de outras opiniões aqui expressas, eu quero continuar a viver em democracia no meu país. Pela simples razão de que não conheço experiências de regimes não-democráticos que não tenham dado para o torto.
    Parecendo que não, esta é a questão que o texto coloca, já que uma das características do regime democrático é a de um homem = um voto.
    E nada me garante que as coisas melhorassem se tal fosse modificado.
    Mas a questão estaria ultrapassada pela reformulação da proposta por parte do Carlos: voto a partir dos 21 e não dos 18.
    Talvez a colocação desta ideia no ar fosse um bom detonador para as consciências dos jovens entre os 18 e os 21, que assim veriam em perigo um direito que agora têm, e a que muitos não dão valor, pois nem sequer se dão ao trabalho de votar. Se eu estivesse nessa faixa etária, logo me interrogaria: «então eu, com 18 anos sou bom para ir para a tropa, pegar em armas e defender o país e já não sou bom para votar?»
    Talvez fosse saudável a convulsão social que isto iria provocar, pois não há melhor maneira de se sentir a necessidade das coisas que não podendo dispor delas, sabendo que existem. Eu, que vivi no Estado Novo, em que as eleições eram apenas uma formalidade para perpetuar e "legitimar" o regime, sei o que é querer ter direitos de cidadania e não os ter. Eu voto sempre; muitas vezes voto de protesto, voto contra, mas voto sempre.
    Este tipo de tentativas de "aperfeiçoamento" da democracia (como este de diferenciar os votantes pelo critério da idade) trazem mais problemas do que soluções. Esta ideia tem, contudo, uma intenção justa, e é já aplicada em muitas situações democráticas; por exemplo, nas eleições dos clubes desportivos os sócios mais antigos têm mais votos que os mais novos.
    Mas das intenções aos factos...
    É que esta ideia é também muito perigosa. Imagine-se que, a seguir ao critério da idade, vem alguém defender o critério da inteligência, tornando obrigatório que os cidadãos votantes se submetam a um teste de QI para avaliar as respectivas competências, dando-lhes votos em harmonia com elas. Foi por estes caminhos que surgiu o conceito de raça pura, característico do nazismo. É um facto histórico.
    No que toca a melhorar a democracia, estou mais de acordo com um dos comentadores supra (Pedro de Medeiros) que diz que «Concretizável é a ideia de darmos cada vez mais formação democrática ao povo e exigirmos dos políticos maior clareza e honestidade de diálogo!»

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  15. Não acredito em "Democracia(s)"

    Quem inventou essa coisas foram donos de escravos...

    Neste momento o número de escravos vivos é mais do dobro que o somatório de todos os que existiram na história da humanidade.

    Vejam:
    http://www.youtube.com/user/TEDtalksDirector#p/u/23/HUM2rCIUdeI

    Neste momento há mais democracias que alguma vez existiram na história da humanidade...

    Silogismo: Democracia = Escravatura...

    Um destes dias esclareço...

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  16. Ramalho Eanes reconhece que, passados 36 anos, o 25 de Abril «não conseguiu responder às aspirações justas e fundadas e aos interesses legítimos da maioria dos portugueses», suscitando a «situação perversa» de que o poder, enquanto «instituição» democraticamente eleita, «não funciona, porque a sociedade não sabe fazê-la funcionar de maneira correcta».

    «Uma democracia assim não funciona bem», sublinha.

    http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=169946

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  17. Caro Ludovico... Não há Democracias a funcionar bem... Pelo menos essa é uma perspectiva que poderemos compreender neste pequeno vídeo que traduzi e coloquei on-line para nos ajudar a todos a compreender as perversões das Democracias.

    Chamo a atenção dos insignes participantes que estamos em ano de comemorações da implantação da República... e isso deveria servir para uma profunda reflexão... até porque a eleição do Presidente que inaugura o próximo século deste regime está a chegar....

    Recomendo:
    http://www.youtube.com/v/YMpHgK4vT2w&hl=pt_PT&fs=1&

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  18. Caro Carlos e restantes comentadores,

    Um Bom dia a todos!
    Há pouco, ao ouvir o discurso do nosso Presidente no âmbito das comemorações do 25 de Abril, um Excelente discurso a meu ver, houve um pormenor que me chamou a atenção e me fez pensar neste tema do voto de acordo com a idade. O Salgueiro Maia quando reuniu as tropas, em que todos se juntaram a ele, sem excepção, tinha apenas 29 anos!...

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  19. Olá Noélia, peço desculpa mas vou ter que te pedir para não vires a este blog, fazer este tipo de comentários. O actual presidente da republica, recusou a atribuição de uma reforma ao Tenente-Coronel Fernando José Salgueiro Maia, quando ele dela muito precisava, pois tinha-lhe sido diagnosticado um cancro nos intestinos. Faleceu a 3 de Abril de 1992, sem que a mesma lhe fosse atribuída. O ano passado a pedido do actual presidente da republica o actual presidente da Câmara Municipal de Santarém, assentiu a uma homenagem póstuma ao Maia, que ocorreu pela ocasião da comemoração do 10 de Junho de 2009. Porque terá o actual presidente da republica tido essa necessidade? Todos sabemos. É uma questão de consciência.
    Já agora acrescento, que o Maia alem de ter 29 anos no dia 25 de Abril, trazia um mapa turístico com ele para saber onde era o Terreiro do Paço, porque nunca lá tinha estado.
    Peço desculpa a todos por este desabafo, e á Noélia em particular.

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  20. Olá Carlos,
    Não há necessidade de pedir desculpa, trata-se de um facto inegável e triste e creio que o peso na consciência que deve causar a quem lhe negou essa reforma é mais do que castigo suficiente...

    A avaliação que fiz hoje do discurso do Sr. Presidente foi no contexto do que se vive actualmente no nosso país, sem factores externos a influenciarem a minha apreciação. Gostei de o ouvir e revi-me no que ele disse.

    Parece-me que este tema se enquadra bem no que se discutia aqui, a maturidade. Salgueiro Maia não necessitou atingir os 35 anos, para revelar uma enorme maturidade. Duvido que se fosse hoje o desfecho do pedido de reforma apresentado pelo Salgueiro Maia fosse recusado. E se tal acontecese era caso para um "alevantamento" popular, afinal se pagam passagens aéreas e ajudas de custo a uma deputada eleita por Lisboa e que vive em Paris...
    Mas não falemos de coisas ultrajantes e imorais...

    Voltando ao Sr. Presidente e ao Salgueiro Maia, pelo que já li e ouvi sobre esse homem, de carácter muito nobre e que admiro, duvido que fosse pessoa de guardar qualquer tipo de rancor e acredito que antes de partir perdoou a(s) injustiça(s) que lhe fizeram. Posto isto, sou eu que peço não façamos julgamentos em seu nome. Em sua memória, elevemos o nosso espírito e relembremos esse herói de Abril.

    Por ocasião da morte da Rainha Mãe, ouvi uma frase que registei (mas não me recordo do autor)e que dizia, "não choremos porque partiu, mas alegremo-nos porque viveu." Alegremo-nos porque tivemos um Português que arriscou e deu tudo sem pedir nem esperar nada em troca: Salgueiro Maia.

    Desculpa Carlos mas em nome da luta desse homem pela liberdade, não me foi possível atender ao teu pedido.

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  21. Vamos a isto em breves:

    Pelo Vítor: A morte do longo prazo

    Pelo Luis Cardoso: A excelente sugestão dos 6 meses de serviço militar e 6 de comunitário ou diria eu comunitário em 1 ano.

    Pela Luísa: A regressão das capacidades mentais na 3ª idade

    Pela Margarida: A importância dos vários tipos de QI’S.

    Pela Noélia: A ideia dos eleitores contribuintes e “apenas” (se bem compreendi), beneficiários

    Pelo Raúl Henriques: A necessidade de se ameaçar a retirada de um Direito para que dele se faça melhor uso.

    Conclusão – Beco sem saída no sentido dos comentários do Pedro. Não há critério para dizer que se deve votar aos 21 anos em vez de aos 18.

    Será seguramente mais acertado, pois ou se está a trabalhar ou já se teve que fazer uma mudança para um outro regime de ensino, o universitário e já andam por aí 3 anos de outra vida.

    Por outro lado com o ensino universitário que temos sujeito a lavagens cerebrais e fraca qualidade a diferença não seria relevante o suficiente para pedir alteração constitucional.

    Acrescento eu que um semestre de vida internacional deveria ser também critério para votar Portugal.

    Porque quem está dentro do quadrado não consegue ver o Estado do quadrado, onde está fragilizado e de onde pode, e como pode, ser atacado.

    Um abraço e obrigado por poder aprender com todos.

    ES

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