segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sair do €URO, voltar ao E$CUDO ?



Confrontados que estamos com a aparente insensibilidade pragmática dos nossos credores, representados pela TROIKA ( BCE/FMI/CE ), que nos mantêm presos a um programa de AUSTERIDADE quase exclusivamente FISCAL, e nos vai confrontar em 2013, inevitávelmente com o cenário Grego, deixando-nos num aparente beco sem saída, de falências de empresas em cascata, uma taxa de desemprego superior a 20% da população activa, desempregados sem qualquer protecção social, pessoas sem habitação, fome & miséria, em suma o CAOS, resulta óbvio que dificilmente este cenário nos irá permitir, reduzir o nosso stock de divída, pois este não só irá continuar a aumentar como os respectivos custos de serviço de divida, irão continuar a contribuir para os persistentes e elevados déficits nas contas públicas fechando assim a espiral negativa de, mais deficit, mais divida, menos economia, logo mais deficit, mais divida....



Se a ideia é EXPULSAREM-NOS DO EURO, então eu diria que estamos no caminho certo, porque a dada altura não iremos ter mesmo outra alternativa, contudo e crendo eu que não é essa a ideia europeia, mais tarde ou mais cedo, alguem terá de «alargar os cordões à bolsa», e perdoar-nos uma parte da divida ou suspenderem-nos a cobrança de juros, ou alargarem-nos prazos de pagamento, ou as 3 em conjunto e simultaneo, e entretanto não mais recuperaremos a nossa soberania orçamental, porque estão a ser dados passos concretos e defintivos no sentido de uma INTEGRAÇÃO BANCÁRIA EUROPEIA, INTEGRAÇÃO FISCAL & ORÇAMENTAL EUROPEIA, de todos os 17 países da Zona Euro.



Começa a ficar claro para todos que a nossa permanência no EURO, não nos irá permitir voltar a poder decidir sobre o que fazer ao dinheiro dos nossos impostos, por isso cada vez há mais pessoas, que ponderam a nossa saída do Euro, como forma de recuperarmos a nossa soberania orçamental.



Porquê ?

Porque de facto e apesar de todas as graves consequências de curto prazo, para a nossa economia, iriamos recuperar a ferramenta de POLITICA MONETÁRIA, que perdemos em 1992, quando nos preparámos para aderir ao Euro. Com ela recuperariamos a possibilidade de DESVALORIZAR O ESCUDO, ajustando-o à nossa competitividade externa, porem os custos de curto prazo ( 3 a 5 anos) poderiam ser suficientemente devastadores ao ponto de anularem qualquer efeito desta ferramenta, por isso a nossa saída do EURO, deve ser muito bem ponderada e discutida, e colocada no plano da opção Nuclear, ou seja, só depois de tentarmos tudo para a evitar.



Porquê ?

Porque sem a actual «pressão externa» as contas públicas iriam voltar a estar exclusivamente nas mãos dos politicos eleitos pelos portugueses, os mesmos, que nos trouxeram até aqui, escudados numa democracia exclusivamente representativa e blindada por um sistema eleitoral, que excluí à partida todos os cidadãos que não façam parte das elites partidárias do regime. Por outras palavras, voltariamos a estar «novamente entregues aos bichos».



As opções dos portugueses começam a ficar claras & Transparentes, como a água que brota da nascente do Zezere.



Se a nossa democracia tivesse evoluído nos ultimos 38 anos, para uma DEMOCRACIA VERDADEIRA, e não se tivesse mantido algo meio indefinido entre uma filha primógénita do estado novo e uma democracia exclusivamente representativa do tipo latino americano, eu diria que os portugueses teriam todas as razões para continuar a acreditar que enquanto país, nós teriamos alguma chance de sobreviver, fora do EURO, embora nunca fora do espaço económico da UE.

Contudo, e pelo que já tivemos a oportunidade de perceber, a Constituição de Repúbica Portuguesa está blindada, à possibilidade de propostas de alteração com origem na sociedade civil pelo seu artigo 285º, e define também não só o sistema eleitoral, como o próprio método de apuramento dos votos, caso único em toda a Europa (!!??).



Por outro lado, os portugueses foram mantidos afastados da politica, pelo método da «compra de votos», utilizado por todos os governos sem excepção, que em ano de eleições, distribuiam «cenouras », levando-nos a votar nos mesmos partidos de sempre, e garantindo que dessa forma, nunca ninguém iria querer saber da politica para nada. Foi assim que aqui chegámos, e aqui estamos, sem saber muito bem como se organiza o nosso estado, ou conhecer as nossas contas públicas, para alem do que os media, nos transmitem, ou nos querem transmitir.



Posto isto será importante reflectir, se nós, enquanto povo, estamos mesmo em condições de eleger pessoas capazes de nos governar de forma a não voltarmos a precisar de intervenções do FMI ( 1978/9 - 1983/85 ) ou de qualquer Troika ( 2011....), e nesse caso se a nossa soberania politica & orçamental é tão ou mais importante que ter comida na mesa ?



Porque em última análise é disso que se trata;

Estaremos nós à altura de nos governarmos ? Os factos dizem-nos que não. Se assim é, sair do Euro não é uma opção.



Se acredita que sim, que a nossa actual democracia, nos irá permitir seguir um caminho diferente do que seguimos até aqui, então sair do Euro, mais do que uma opção é o caminho certo.



A minha última dúvida, é saber se ainda estamos em condições de escolher, ou se não escolheram já por nós ?

6 comentários:

  1. Tens que definir o "nós".

    Se o nós são os que nos governam, ou seja: um bando de calhaus com olhos sem espinha vertebral, que passam por "bons-alunos", mas na realidade são apelidados de gente-menor, obviamente não podes estar à espera de comportamentos de Estadistas.

    Se o "nós" a que te referes são eleitores informados e que pensam, sem clubismos a partidos, logo, o "nós" de quem falas tem pouquíssimo peso político. Concluindo o "nós" não tem poder para fazer as escolhas que propuseste.

    Para poder escolher é necessário poder político e actualmente em Portugal para ter poder político é preciso manipular a opinião pública. Quem tem esse poder não tem capacidade de resolver os problemas do país.

    Todas a soluções possíveis estão na crença de que a crise não vai durar para sempre, e que algo irá acontecer, e não numa solução propriamente dita.

    Escolhas? Lutar contra a maré? Arranja mas é um barco e vai-te preparando que a tempestade ainda não vai a meio, e não sabes como isto vai estar quando a tempestade sanar.

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  2. Meu caro Carlos Miguel

    Lembrei-me de passar por aqui para lhe recordar a nossa troca de ideias de Maio... Já lhe faz sentido o que escrevi?

    Cumprimentos

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  3. Se reler o que ambos escrevemos verificará que o «adiamento» que eu defendi, aconteceu, tal como previsto, a minha preocupação com a INIQUIDADE pressiste e se há alguma coisa em que eu tenha mudado de opinião entre Maio e Outubro, recorde-me por favor, porque eu não vislumbro.

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  4. Meu Caro

    Não quero notar qualquer mudança de opinião da sua parte. Apenas relembrar-lhe face as noticias actuais:

    "...for notoriamente publico, isto é, quando estiver bem percebido por todos os cidadãos que não há mais hipóteses do Estado arrecadar receitas pela Via Fiscal para sustentar o aparelho de Estado e porque tal está a correr consecutivamente o desenvolvimento/descolagem da recessão, então tornar-se-á politicamente mais fácil resolver o problema pela sua raiz e que é, acabar de vez com o Estado Social, no seu formato actual. Há outras formas mas, esta, não serve.

    Se se cortassem já as reformas e pensões ou a saúde gratuita (parcialmente já feito) sem se ultrapassar a Curva de Laffer, o que se obtinha era um tumulto social sem precedentes e que não era compreendido pelo cidadão normal. Assim, daqui a mais uns trimestres, será fácil perceber que não há outro remédio.

    O problema é que o diferencial é tão grande que o “corte” tem de ser dramático para ser, como é comum hoje dizer-se, “sustentável”.

    O que está aqui em causa não é uma decisão racional e fria. Mas uma gestão política de circunstâncias que levará ainda mais algum tempo… mas que há-de lá chegar.
    ...."

    Abraço

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  5. A Gestão politica de circunstâncias que menciona, é desnecessária, prejudicial ao país, revela fraqueza no poder executivo, e acaba por se voltar contra o feiticeiro.

    «Não se pode resolver os problemas utilizando o mesmo tipo de pensamento que usamos quando os criamos.» Einstein

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