terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Plano estratégico da Industria do Calçado 2007-2013



Nos últimos anos, o sector português de calçado protagoniza uma relativamente desconhecida história de grande sucesso. A revolução aconteceu quando a indústria se viu confrontada com a saída massiva das grandes empresas internacionais de calçado como resultado das profundas alterações do mercado mundial, nomeadamente a queda das últimas barreiras ao comércio e a afirmação de grandes países produtores como a China.

Ao contrário do que poderia ter acontecido, os produtores nacionais de calçado reagiram. Reequiparam tecnologicamente as suas empresas, orientaram-se para segmentos de mercado de maior valor acrescentado (Portugal apresenta uma forte especialização no segmento do calçado de couro e, dentro deste, no calçado para senhora, segmentos tendencialmente de maior valor acrescentado) e, em vez de aceitarem ser meros replicadores de modelos concebidos por quem os subcontratava, muitos deles criaram as suas próprias marcas.


Outros indicadores significativos: o valor bruto da produção por trabalhador ultrapassou pela primeira vez em 2008 os 37 mil euros; do total da produção, 96% são exportados; e também pela primeira vez no ano passado, o preço médio por par de calçado exportado atingiu a casa dos 20 euros, o que situa Portugal entre os exportadores que conseguem cobrar preços mais elevados a nível mundial. Além disso, o sector apresenta a mais alta taxa de cobertura das importações pelas exportações de toda a indústria nacional.

Como se chegou aqui? Pois, pasme-se, através do Plano Estratégico da Indústria do Calçado 2007/13, um documento que teve contributos da APICCAPS, do tecido empresarial e de agentes privados e públicos. Que foi levado à prática e resultou. Não é espantoso e exemplar que tal tenha sido possível?

in "EXPRESSO-ONLINE", Nicolau Santos,

4 comentários:

  1. Li este texto no Expresso e só pensei que a parcela crise internacional não estava bem colocada nesta equação, pois o exemplo da Aerosoles - moderna, com produtos de qualidade, internacionalizada, etc. - não conseguiu resistir à crise internacional que fez reduzir as encomendas e as vendas. Talvez o paradoxo esteja mesmo aí, na sobredimensão da empresa, numa contradição com a sempre propalada necessidade de ganhar dimensão das empresas nacionais. Neste mercado os corajosos davids bem geridos têm vencido os Golias.

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  2. A nossa cultura dá-se mal com as multinacionais, repara numa Suiça ou numa Suécia, ambos paises mais pequenos que nós, as grande multinacionais que produziram.. Portugal, não, só PME´s, esforçadas, fiscalmente sufocadas PME´s. Onde estará a lógica disto?

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  3. João Rebelo, Lisboa6 de janeiro de 2010 às 17:07

    Carlos são estes exemplos que têm de ser publicitados para deixarmos de ser tão derrotistas. Existem diversos sectores em Portugal que conseguem competir em qualquer lado, tem é de ser multiplicados.

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  4. Talvez falte apenas uma "pitada" de conhecimentos na área da gestão para termos multinacionais no sector do calçado com as contas no verde.

    Cumprimentos.

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